sábado, 25 de setembro de 2010

VIDA QUE REBROTA

Tempo de primavera é tempo de abrir as janelas da alma, permitindo que o sol nos ajude a perceber a poeira que está se acumulando em nossa sala de estar. Natureza ainda tocada pelo frio já calmo, ventos que trazem à vida a certeza de que a mudança será para melhor.
A vida é sempre generosa. Mesmo que meus olhos não possam perceber, nem desvendar, uma graça velada insiste em perpassar as entrelinhas da dor. Em tudo, prevalece a generosidade da vida que, nos dá a possibilidade de desvendar as mais opacas realidades e perceber nelas um brilho silencioso.
Regra que a vida não abre mão: sofrer é uma forma de crescimento. Basta olhar para a natureza que sofre as durezas do inverno. Para as árvores que se decidem por deixar ir embora suas folhas, para que a seiva se concentre na raiz e para que a superficialidade de sua copa não consuma o seu fundamento primordial.
Ensinamentos que no silêncio se dão. Que perder as folhas é mais sábio do que deixar morrer a raiz. Que deixar desprender os acessórios é uma forma de aliviar o corpo de seus pesos.
Sabedoria que nos ensina que mesmo que estejamos despojados de alguns sonhos, visto que as urgências nos levam a escolher e priorizar algumas realidades, tenhamos coragem de cuidar das raízes. Se elas ainda estão vivas, os sonhos ainda poderão renascer, afinal, é delas que poderão rebrotar o que insistimos em matar em nós mesmos. Na raiz, permanece a memória da planta.
Hoje é dia de ser melhor, é dia de ser feliz. É dia de recolher as graças cotidianas que nos sensibilizam para as possibilidades que são próprias desta hora e ensinam-nos a esperar por aquelas que estão reservadas para amanhã.
Recolhamos as graças e as possibilidades de hoje. E, se por acaso notarmos que nos faltam algumas, saibamos esperar, afinal, hoje ainda não é amanhã.